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Seis dias de guerra e 53 anos de impasse
Por André Lajst*
Entre 5 e 11 de junho, há 53 anos, Israel lutou a Guerra dos Seis Dias, a qual mudou o Oriente Médio. Egito, Síria e Jordânia, iniciariam a guerra contra Israel ao meio-dia, porém foram os países surpreendidos com um ataque preventivo israelense.
O resultado foi devastador para os exércitos árabes. Israel conquistou o Sinai do Egito, o Golan da Síria e a Cisjordânia, incluindo a Cidade Velha de Jerusalém, da Jordânia.
Em 6 dias, Israel conquistou um território três vezes maior que seu tamanho, de três países distintos. Porém há uma diferença entre esses territórios.
O Sinai e o Golan pertenciam ao Egito e à Síria, respectivamente. Pela norma internacional, foram considerados territórios ocupados legalmente por Israel em uma guerra de agressão, na qual o país se defendeu de um ataque a sua soberania.
Já a Cisjordânia, chamada erroneamente por muitos de território ocupado, não se trata disso. Para que um território seja considerado ocupado, ele precisa pertencer a um país e ser conquistado de forma ilegal. Nenhuma das duas premissas cabem neste caso.
A Cisjordânia estava ocupada pela Jordânia desde 1949, desde o término da Guerra de Independência de Israel. A própria Jordânia declarou que o território era seu porém apenas dois países reconheceram isso, o Paquistão e a inglaterra.
Durante a Guerra dos Seis Dias, Israel enviou diversas mensagens ao rei Hussein da Jordânia para não entrar nas hostilidades iniciadas pelo Egito e pela Síria. Em vão. A pressão sobre o monarca foi enorme e ele atacou Jerusalém Ocidental através da Cisjordânia. Israel não teve escolha a não ser conquistar um território hostil que estava sendo usado para atacar sua população.
O termo jurídico correto para se referir à Cisjordânia, é território disputado. Além disso, a resolução 242 da onu de 1967 previa a retirada dos territórios que Israel conquistou em troca do fim das hostilidades e o reconhecimento de todos os países da região, e o respeito à soberania política de todos os estados do recente conflitos.
Israel aceitou negociar e eventualmente se retirar dos territórios que foram usados para atacarem o país em troca de um amplo acordo de paz. Os árabes rejeitaram, e declararam os três famosos “nãos”: Não à paz, não às negociações e não ao reconhecimento de Israel.
Um país não tem o direito de exigir a retirada de outro país, de um território que lhe pertencia e lhe foi tomado em uma guerra que este primeiro país iniciou sem motivos legais.
Israel assinou um acordo de paz com Egito e saiu do Sinai. Anexou o Golan ao seu território em um movimento amplamente apoiado pelos israelenses e recentemente reconhecido pelos EUA. A Cisjordânia segue em disputa por meio de negociações, não com a Jordânia, porém com palestinos, que na época não eram um governo e não tinham um Estado, tornando este caso único nas relações internacionais, antropológicas, históricas e políticas.
Há 53 anos, Israel se transformou no país mais forte do Oriente Médio e as consequências dessa guerra, vemos até os dias de hoje.
*André Lajst é cientista político, doutorando pela Universidade de Córdoba e diretor executivo da StandWithUs Brasil.